ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 15.09.1994.

 


Aos quinze dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho a Câmara Muicipal de Porto Alegre. Às onze horas e um minuto, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Antônio Juarez de Moura Maia, de acordo com o Requerimento nº 158/93 (Processo nº 3076/93) de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a Mesa: o Vereador Luiz Braz, Presidente desta Casa; o Padre Antônio Juarez de Moura Maia, homenageado; Senhor Hélio Corbellini, representante do Senhor Prefeito Municipal; o Senhor Airton dos Santos Vargas, Delegado Regional do Ministério da Educação e Cultura; o Senhor Fernando Gay da Fonseca, Membro do Conselho Federal de Educação; o Desembargador Tupinambá Miguel do Nascimento, Representante do Tribunal de Justiça do Estado e o Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, discorrendo, logo após, sobre a criação do Conselho dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre por esta Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Pedro Américo Leal que, em nome de todas as Bancadas com assento nesta Casa, registrou que o Título ora outorgado foi aprovado pela unanimidade dos membros desta Câmara Municipal. Destacou dados da biografia do Padre Antônio Juarez de Moura Maia, lembrando seu trabalho social junto à população carente de alimento e educação. A seguir, o Senhor Presidente reportou-se ao aniversário desta Casa e à preocupação de seus membros com os menores carentes, convidando o Vereador Airto Ferronato a colocar o brasão da Casa no homenageado. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à entrega da Medalha e do Diploma alusivos ao Título ora outorgado ao Padre Antônio Juarez de Moura Maia, realizada, respectivamente, pelo Senhor Hélio Corbellini e pelo Vereador Pedro Américo Leal. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Enrico Trindade, Jorge Krieger de Mello, Francisco Salzano Vieira da Cunha e Dercy Furtado e convidou o Vereador Pedro Américo Leal a distribuir o brasão da Câmara Municipal de Porto Alegre aos integrantes da Mesa dos Trabalhos. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Padre Antônio Juarez de Moura Maia, que agradeceu por esta homenagem aos presentes e, em especial, ao Vereador Pedro Américo Leal pela lembrança. Agradeceu a Deus por ter se dedicado ao sacerdócio, declarando seu afeto por nosso Estado. Às onze horas e quarenta e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Sessão, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Pedro Américo Leal, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Pedro Américo Leal, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Senhoras e Senhores, pedimos desculpas por termos, involuntariamente, retardado o início desta solenidade, visto que estávamos esperando que chegassem todos as pessoas convidadas e que iriam compor a Mesa, já que este título que vamos entregar é um Título de Cidadão de Porto Alegre e o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre é a maior honraria que pode ser concedida pela Câmara Municipal, através da votação dos seus trinta e três Vereadores, que representam toda a sociedade de Porto Alegre. Por isso, estávamos esperando que todos os preparativos fossem terminados a fim de que nós pudéssemos fazer a entrega deste Título. Por isso, pedimos, mais uma vez, desculpas por termos retardado o início desta solenidade.

A entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Antônio Juarez de Moura Maia foi devido ao Requerimento nº 158/93, Processo nº 3076/93, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.

Nós chamamos para compor a Mesa o Exmo. Sr. Pe. Antônio Juarez de Moura Maia, homenageado. (Palmas.) Fazem parte da Mesa, ainda, os seguintes convidados, além do homenageado, já citado: o Sr. Hélio Corbellini, representante do Sr. Prefeito Municipal; o Sr. Airton dos Santos Vargas, Delegado Regional do Ministério da Educação e Cultura; o Sr. Fernando Gay da Fonseca, membro do Conselho Federal de Educação; o Desembargador Tupinambá Miguel do Nascimento, representante do Tribunal de Justiça do Estado; e o Jornalista Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa.

Peço que todos fiquem em pé para que possamos cantar o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Embora seja a maior homenagem que a Câmara Municipal, juntamente com o Executivo, pode prestar a um cidadão que se destaca nos diversos setores da sociedade, nós, até hoje, ainda temos uma lacuna na nossa legislação. Temos outros cidadãos que já receberam a homenagem e que sentem esta lacuna. Às vezes, quase sempre, esta homenagem se prende ao dia. É reconhecida a importância da pessoa frente aos cidadãos. Ele é exaltado, diplomado, mas depois o vínculo com a Casa Legislativa se perde. Muitas vezes nos deparamos com obstáculos que são muito difíceis de serem transpostos, que muitas vezes poderiam ser transpostos até com facilidade, se tivéssemos, junto a nós, pessoas que pudessem nos orientar e que trouxessem para nós a opinião das diversas correntes sociais e ideológicas, que poderiam nos orientar com relação ao caminho a ser seguido.

Por isso informo aos cidadãos que já foram homenageados e ao Pe. Juarez, que vai ser homenageado hoje, que estamos idealizando um projeto, que já está tramitando na Casa, para que possamos compor o Conselho dos Cidadãos Eméritos e Cidadãos de Porto Alegre para fazer com que estas pessoas, tão importantes para segmentos da sociedade, possam ficar vinculadas à Casa, nos ajudando, nos orientando, para que as decisões da Casa possam ser as mais sábias possíveis. Nós queremos fazer com que estes cidadãos estejam constantemente sendo homenageados pelo Legislativo Municipal e por toda a Cidade.

Com a palavra, o Ver. Pedro Américo Leal, proponente desta homenagem, que vai falar em nome de todas as bancadas da Casa.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, colega Luiz Braz. (Saúda os componentes da Mesa.) Resolveu esta Câmara, por unanimidade dos seus membros - vejam que importância -, conceder o Título de Cidadão de Porto Alegre a um padre, mais uma figura que vai pertencer ao elenco dessas pessoas de destaque. Trata-se do Pe. Antônio Juarez de Moura Maia, hoje conosco. O seu proponente, pela primeira vez em décadas de política, tomou esta iniciativa. Nunca propus alguém para coisa alguma deste gênero. É que títulos, como as medalhas de combates, e de valor civil, mesmo no labutar do dia-a-dia, devem ser feitas com muita justeza, com rigorosa medição, não só para o que vai ser agraciado, mas também para aquele que propõe, sob pena de colocar dúvidas no ar e até nas entrelinhas da proposta, obtendo, então, exatamente o inverso, o contrário do objetivado: o distinguir para exemplificar. É a Câmara de Porto Alegre que hoje faz isso, distinguindo o Pe. Juarez para exemplificar a outros que vão receber no futuro este título, como medimos as personalidades. Homenagear para incentivar, mas só alvo de atenção para aqueles que, observem, também empolguem seus pares. Daí a complexidade de que se reveste a homenagem de hoje. Quem é o Pe. Juarez? Um padre, um simples sacerdote. E Porto Alegre foi pinçar o sacerdote, através do elenco de trinta e três Vereadores, para distingui-lo. Por quê? Este homem nasceu lá em Santa Bárbara, mas, vejam bem, não é a Santa Bárbara daqui. É uma Santa Bárbara lá da Bahia e que nenhum dos Vereadores conhece, muito menos aquele que propôs e, muito menos, o Presidente. Lá na mística e enigmática terra que tantos valores nos deu e que, por certo, nos dará. Esta Bahia de encantamento! Das canções de Caimy! Já se disse que se pode entender e ser entendido por uma cidade quando se logra penetrar na intimidade dessa cidade. Não é só veranear, passear, fazer turismo. Não! Entender uma cidade, amá-la ou ser amado é penetrar no seu íntimo. E aí nós nos obrigaríamos a definir o que vem a ser intimidade de uma cidade, de uma metrópole como Porto Alegre. Eu também sou, de certa forma, um estrangeiro em Porto Alegre. Como ele, aportei aqui sem saber nem onde estava quando cheguei, que rua - não sabia. Pois um baiano talentoso, cheio de bondade, com ar amigável, sem ter extremos em suas atitudes, pouco a pouco, no exercício sacerdotal, de mansinho realizou essa proeza de se tornar íntimo de Porto Alegre. Sem grandes feitos? Eu não diria isto. Sempre afirmo que é muito mais fácil se viver do que conviver. Conviver carrega esse “com”, que, antecedendo a palavra, evidentemente a complica. Conviver não é fácil, viver é muito mais fácil! A personalidade deste Sacerdote, que hoje é recebido aqui na nossa Câmara de Porto Alegre, foi elaborada, burilada em um ambiente de eminentes vultos da nossa história e da arte atual, a Bahia. A Bahia do misticismo, do romantismo. Para quem a conhece e, principalmente, para quem não a conhece. Pois ele cursou o Mosteiro de São Bento, em São Paulo, formando-se em Teologia, em Manaus. Interessante isto! Intrigou-me sua folha de serviço. Sou um militar fazendo política - para mim, ele tem folha de serviço. Não sei como se chama isso lá pelas plagas do sacerdócio, reconhecendo guardarem eles muita semelhança com as áreas militares. É possível que seja equivalente. Ele foi Vice-Reitor do famoso Seminário de São José e, posteriormente, seu Reitor. É claro que eu não sabia disso. Lendo a respeito da sua vida, para poder falar com muito mais eloqüência sobre quem é esse homem, achei isso notável! Reitor de um Seminário como o de Manaus, na condição de moço, é uma verdadeira façanha. O que ele não terá feito por lá? Só ele poderá explicar. Quando seminarista em São Salvador, inexplicavelmente, para mim pelo menos que me arvoro, assim como já pretendeu o Dr. José Miguel da Conceição em ser seu biógrafo, interrompe seus estudos, na época, e como missionário se embrenha pelo Amazonas durante dez anos. Faz sentido, entretanto, uma coisa com a outra. Sabemos que por lá se envolveu com a miséria da época, que até hoje, inexplicavelmente, ainda vemos com grande tristeza - para todos nós, brasileiros - nos vídeos de TV. Eu também conheci o Nordeste, andei pelas caatingas e vi tudo aquilo, por terra, durante sessenta e tantos dias. Essa miséria também me revolta e até hoje é consagrada por políticos sem que nada se faça. Talvez se explique, então, a demorada estada do Pe. Juarez por lá. Eu também conheci aquela miséria, e o nosso homenageado ficou. Mas o seu destino, como o meu, talvez mantenha um traço de grandiosidade entre o citador e o citado. Que me perdoe o Prof. Airton Vargas, pois, sempre que erro, ele me puxa pelo paletó, mas agora não pode, porque está distante. Mas ele me deu um olhar de aprovação. Vamos encontrar repentinamente o Pe. Juarez no Cristo Rei, em São Leopoldo. Veja bem: o Pe. Juarez bem perto de onde fui aspirante, em 1948, o 19º. Regimento de Infantaria! Tínhamos a separação de uma cerca com o Cristo Rei. Lá, ele se atualizou e nos arrebata, hoje, com seu jeitão inconfundível de conciliador, de mediador, de confessor e de orientador que arrastou todos vocês para cá hoje.

Fui conhecê-lo na Catedral quando, em suas homilias, mais uma vez me intrigava com um novo método de comunicar a palavra de Deus. Falando pouco, ele não dizia palavras: ele citava idéias, as quais colocava para três ou quatro meditações, para que nós resolvêssemos. Eu até diria que foi o precursor do famoso programa “Você decide”.

Assistiu e assiste até hoje os pobres, em suas “horas vagas” - se é que ele as tem -, os miseráveis, à frente do grandioso templo e - vejam - há tantos anos atrás distribuía regularmente comida aos famintos, quase uma tonelada por mês. Por anos e anos, à retaguarda, em absoluto silêncio, antecipava-se à Campanha de Combate à Fome, este nosso “Betinho” de batina.

Pois lá atrás de sua paróquia, na Rua Conceição, onde eu me casei - e foi o Pe. Hélio que oficiou o matrimônio - pontos comuns entre nós e esse pretenso e obscuro sacerdote que hoje colocamos impiedosamente à luz dos refletores. Está hoje iluminado, como não gosta. Luzes sobre ele! Hoje é uma estrela, embora não aprecie, tenho certeza. Pois bem: lá atrás dessa paróquia, está arrastando os paroquianos, por sua simpatia e por sua forma amigável de receber, a manterem - sem subvenções, sem ajuda do Governo, apenas professores cedidos - um colégio com quase quatrocentos e cinqüenta alunos, em dois turnos de três horas, e tudo de graça. Surpreendam-se, isso existe, aqui bem perto. São dois anos e meio de formação proporcionados à gente pobre, sem recursos e que não poderiam estudar. Pois esse Pelé, esse Telê Santana da Educação lança no mercado profissional aqueles que jamais poderiam pretender chegar lá.

Podem perguntar, imaginando aquele comercial de que achamos tanta graça, que tem alguma coisa a ver com a batida dele. Só isso? É claro que tem que haver mais coisas, mas eu não sei, outras ele não diz - e não caberia aqui também citar. Devo encerrar essa manifestação relatando uma pequena lenda árabe da terra do meu amigo João Antônio Dib, aqui presente.

Pois, Pe. Juarez, conto-lhe uma linda lenda árabe: certa feita, uma mãe levou a sua criança, de quatro anos, para brincar nas imediações de um despenhadeiro; repentinamente, a criança saiu correndo, arriscando-se. A mãe, temerosa, desequilibrou-se e, para repreendê-la, deu-lhe uma pancada, dizendo-lhe: “Não gosto mais de você.” A criança, magoada, sendo rejeitada pela mãe e repetindo a frase proferida pela mãe - “não gosto mais de você, não gosto mais de você”... Surpreendentemente, quando a criança parou de falar, o eco responde a ela: “Não gosto mais de você, não gosto mais de você.” Voltou-se para a mãe assustada, dizendo então que alguém gritava que não gostava mais dela. A mãe aproveita, ensinando: “Mas, meu filho, é assim: aquilo é o eco, aquilo é o mundo. Sempre que você disser que não gosta dele, ele dirá que não gosta de você.”

Pe. Juarez, eis aí o eco que o senhor produziu - eles dizem que gostam de você! Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu quero registrar aqui a presença do Dr. Enrico Trindade Neves, ex-Presidente do Tribunal de Contas do Estado; Dr. Krieger de Mello; Francisco Salzano Vieira da Cunha, ex-Procurador-Geral do Estado; Ver. João Dib, Ver. Airto Ferronato, o sempre Vereador desta Casa, Leão de Medeiros, e também sempre Vereadora e ex-Deputada, Dercy Furtado. Os nossos agradecimentos a todos que vieram aqui para prestigiar este ato solene, quando estamos homenageando o Padre Antônio Juarez de Moura Maia.

Padre Juarez, nós também estamos comemorando aqui, nesta Casa, os seus duzentos e vinte e um anos. Há duzentos e vinte e um anos atrás, a Câmara Municipal passava a ter a sua existência, e, aliás, a primeira atitude desta Casa, registrada em ata, que nós temos agora em nosso Memorial, do dia 6 de setembro de 1773, foi exatamente uma ação dos Vereadores daquela época, mostrando uma preocupação com as crianças abandonadas. Essa preocupação constante com crianças abandonadas ela se arrastou pelos tempos e hoje nós estamos aqui, também na Câmara Municipal, em ação, juntamente com todos os Vereadores, no sentido de fazer com que possamos contribuir na solução deste problema, que é gravíssimo. Quando existem pessoas como o senhor, que oferecem grandes oportunidades para que crianças pobres possam realmente ter condições para estudar, nós realmente ficamos embevecidos e vemos que os problemas que enfrentamos neste País têm jeito, porque há pessoas como o Padre Juarez que, de repente, oferecem soluções que, muitas vezes, nós, que estamos em instituições oficialmente constituídas, não conseguimos encontrar ou temos dificuldades de encontrar.

Nesses duzentos e vinte e um anos, o símbolo que nós resolvemos adotar para ser distribuído para os nossos amigos, para as nossas autoridades, para os ex-Vereadores e para as pessoas que recebem homenagens é exatamente este brasão da Câmara Municipal, que nós fazemos questão de entregar ao nosso homenageado.

Convidamos o Ver. Airto Ferronato para fazer a entrega do brasão ao Padre Juarez de Moura Maia.

 

(Faz-se a entrega do brasão ao homenageado. Palmas.)

 

Nós temos um orgulho muito grande de pertencer a esta Câmara Municipal porque, em meio a tantas críticas dirigidas ao mundo político, nós realmente conseguimos ter uma instituição que faz um trabalho que pode servir de exemplo a todas outras instituições parlamentares em todo o nosso País. Nós já estamos aqui há algum tempo e é um motivo de orgulho, não apenas para nós que militamos aqui dentro da Câmara, mas para toda a sociedade porto-alegrense. Quando se homenageia alguém na Câmara Municipal, esta homenagem se reveste de toda a importância, porque eu tenho certeza de que a Câmara é a legítima representante dos anseios e dos pensamentos da sociedade.

Nós convidamos o Dr. Hélio Corbellini, representante do Sr. Prefeito Municipal, para fazer a entrega da Medalha, e o Ver. Pedro Américo Leal para fazer a entrega do Diploma.

 

(É feita a entrega. Palmas.)

 

É claro que as pessoas que vêm aqui não o fazem por causa dos Vereadores ou por causa das autoridades. Elas vieram aqui só por um motivo, que é mais do que especial: para prestarem a sua homenagem ao Pe. Antônio Juarez de Moura Maia, e por isso, para encerrar este ato, todo o mundo está aguardando as palavras do Padre homenageado.

Com a palavra, o Pe. Antônio Juarez de Moura Maia.

 

O SR. ANTÔNIO JUAREZ DE MOURA MAIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quando eu ia chegando à Câmara, ia entrando no jardim uma figura muito amiga, muito querida, e eu falei para a minha irmã, para o meu cunhado, meu sobrinho: “Que beleza, ele veio!” Dr. Pauli, irmão da querida D. Júlia, uma paroquiana muito amiga.

Eu vou falar como padre. Meus queridos paroquianos, amigos, queria destacar algumas pessoas representando todos. Eu sei que vou cometer um erro, mas eu prefiro errar. Meu querido Dr. Salzano, muito querido mesmo, a Deputada Dercy Furtado, muito querida, o Dr. Fernando Nogueira Veiga, com quem convivi tantos anos na Praça da Matriz. Foi lá que conheci o Deputado Pedro Américo Leal - ele nem se lembra - há vinte e cinco ou vinte e seis anos, quando tudo estava com outra montagem. É tanta gente para dizer o nome, mas estou vendo a todos, e todos estão aqui como sempre estiveram. Então, vou dizer três pontos: o primeiro ponto, e eu sei que eles sabem disso, eu agradeço a Deus, ao Pai e ao Espírito Santo, porque eu sou Padre e agradeço a Deus porque sou fiel à Santa Mãe Igreja Católica. Por isso, eu recebo este Título, porque fui fiel a ela, não transgredi nada. Se pequei, pequei por amor, e amor não se condena. Segundo ponto: agradeço ao gaúcho de Porto Alegre por me ter dado espaço para anunciar a boa nova do reino de Jesus Cristo. Foi um espaço que me deram - o gaúcho é interessante: parece ser fechado, mas é muito aberto, muito bom - de anunciar o reino de Deus. Anunciar sem nenhuma cerca, sem nenhuma atadura, anunciar livre. Eu poderia dizer tanta coisa do gaúcho, coisas tão bonitas, mas, infelizmente, não posso. O gaúcho de Porto Alegre é um grande povo. Por isso que eu amo, amo mesmo, o gaúcho de Porto Alegre. Terceiro e último ponto: agradecer ao Ver. Pedro Américo Leal por ter essa lembrança, Srs. Vereadores, e depositar essa confiança. E encerraria dizendo assim, mas é verdade, não é mentira: eu amo o Rio Grande do Sul, e aquele diploma não vai ficar pendurado; vai ficar na cabeceira da minha cama para rezar por este Rio Grande. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Que coisa boa que nós hoje tenhamos homenageado uma pessoa que demonstra, com tanta simplicidade, o amor que ele tem pela nossa terra, alguém que vem de outras paragens, mas que aqui aprendeu, na verdade, a viver e a conviver. E o Ver. Pedro Américo Leal dizia da dificuldade das pessoas em conviver. E ele aprendeu a conviver. Gostou, amou as pessoas e amou o lugar. Nós estamos precisando que este amor, que foi magnificamente demonstrado pelo Pe. Juarez, possa ser espargido e tome conta de todas as pessoas, porque precisamos que as pessoas amem umas às outras e que amem o nosso País para que juntos, quem sabe, solidariamente, possamos sair da situação em que nos encontramos e, quem sabe, nos encontrarmos em uma nova sociedade, onde a gente tenha mais “Padres Juarez,” onde se tenha mais pessoas dispostas a estender as mãos umas às outras a fim de que este nosso País possa ser um país diferente, logo ali, no amanhã. Mais uma vez os nossos cumprimentos.

 

O SR. ANTÔNIO JUAREZ DE MOURA MAIA: Gostaria de dizer duas coisas ainda. Todos sabem que a formação de padre é uma formação séria, dura, e peguei o tempo duríssimo da Igreja, que me deu bastante solidez. E quero dizer que quem me deu um certo manejo de vida não foi o Seminário, não. Foi a minha família que me deu aquele jeitinho de vida, de saber viver. A minha família que aqui está presente - minha irmã, meu cunhado e meus sobrinhos. Eles me deram, desde pequeno, este jeitinho. Até limpando o xixi deles aprendi a ser gente também.

Quero fazer uma homenagem ao Monsenhor Inácio, que é um gaúcho que amanhã vai completar oitenta e oito anos de idade e sessenta e seis anos de padre. (Palmas.) Quero fazer esta homenagem ao meu colega Padre Inácio. Ele disse uma coisa muito bonita quando eu disse a ele que não celebrasse tantas missas na Igreja da Conceição. Ele disse: “Vou celebrar missa todos os dias para pagar os meus pecados”. Que pecados coisa nenhuma! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vou pedir licença, pois estamos homenageando o Pe. Juarez, mas vou pedir ao Ver. Pedro Américo Leal que distribua o nosso brasão, o brasão em homenagem aos duzentos e vinte e um anos da Câmara também ao meu querido amigo Desembargador Tupinambá Nascimento, ao Dr. Airton Vargas, ao Prof. Gay da Fonseca, pessoas que não vêm rotineiramente a esta Casa, mas nos honram com suas presenças. Então, nós fazemos questão que eles também estejam levando para onde forem este brasão dos duzentos e vinte e um anos da Câmara.

 

(Faz-se a entrega dos brasões.)

 

Se o Pe. Inácio, que foi homenageado aqui pelo Pe. Juarez, quiser falar alguma coisa, o microfone está à disposição.

 

O SR. INÁCIO: Eu agradeço as bondosas palavras do Pe. Juarez, quando se referiu a mim, e me congratulo com os Srs. Vereadores. Eu digo apenas duas palavras: “A lua sobe no espaço, redonda como um vintém. Pe. Juarez, receba hoje o nosso abraço, pois todos te querem muito bem”. (Palmas.) “No meio das nuvens a lua balança, cheia de cândida luz, suave como o rosto de uma criança e meiga como a face de Jesus. A lua é como um pastor querido que apascenta de vez o rebanho de estrelas e cuida para que nenhuma delas se perca nos braços do infinito...”

O Pe. Juarez é o pastor querido que cuida de cinco mil fiéis e conduz o seu rebanho unido, com a sabedoria e o tino de Moisés. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos. Os nossos cumprimentos, mais uma vez, ao Pe. Juarez, e o convite para que retornem muitas outras vezes a esta Casa, que, afinal de contas, é de todos nós. Muito obrigado. (Palmas.) Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h44min.)

 

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